O Estoicismo (ano 300)

O Estoicismo (ano 300)

O Estoicismo

Sumário

Características Gerais sobre o Estoicismo

O terceiro período do pensamento grego abrange os três séculos que decorrem da morte de Aristóteles ao início da era vulgar. Na história da civilização e da cultura, este período toma o nome de helenismo, significando a expansão da cultura grega, helênica, no mundo civilizado; na história da filosofia denomina-se período ético, porquanto o interesse filosófico é voltado para os problemas morais.

Primeiramente (estoicismo e epicurismo), retorna-se à metafísica naturalista dos pré-socráticos, bem como à moral das escolas socráticas menores, cínica e cirenaica; depois (ceticismo e ecletismo), anula-se toda metafísica e, conseqüentemente, toda moral, voltando-se para a sofística, menosprezando o grande desenvolvimento filosófico platônico-aristotélico.

Os motivos desta filosofia pragmatista devem ser procurados na decadência espiritual e moral da época, faltando ao homem interesse e a força para a especulação pura, bem como na profunda tristeza dos tempos e na profunda sensibilidade diante do mal.

Tudo isto torna dolorosa a vida do homem, que procura na filosofia um conforto, uma orientação moral, encontrando-a na renúncia ao mundo e à própria vida. Do contingente e do temporal, o homem volta-se para o transcendente e para o eterno; a filosofia torna-se uma preparação para a morte, como julga Platão, e a sabedoria é desapego da ação, como opina Aristóteles.

O interesse teorético, o vigor especulativo, restringem-se ao particular, à erudição e às ciências especiais que se desenvolvem, ao passo que a metafísica esmorece. Não filosofia teorética, mas filologia, história, literatura; ciências naturais, medicina, geografia, física, astronomia, matemática. E, com relação às ciências especiais, desenvolve-se naturalmente a técnica, como na idade moderna.

A arte resolve-se no virtuosismo e na imitação. Em conclusão, a cultura helenista reduz-se à erudição e ao virtuosismo, ciência e técnica, filosofia moral e moral prática. Nesta civilização cosmopolita encontram-se dois valores universais: o pensamento e a arte dos gregos, isto é, o helenismo; o jus e a política dos romanos. O primeiro valor dá o conteúdo, o segundo a forma – Graecia capta ferum victorem cepit.

No terceiro período do pensamento grego não se encontram mais alguns poucos e grandes pensadores, como no precedente, mas vastas orientações e escolas; não sistemas críticos, mas afirmações dogmáticas.

Trataremos, antes de tudo, da escola estóica, em que ainda há uma metafísica, elementar, porém, e anacrônica, em contradição consigo mesma e com a moral; em segundo lugar, da escola epicuréia, em que a metafísica tem apenas uma função negativa, a saber, libertar o homem das preocupações transcendentais, do temor de além-túmulo; em terceiro lugar, da escola cética, em que não há mais metafísica alguma, e, portanto, nem moral, como na escola eclética, em que a metafísica e moral são sincretistas, e, por conseqüência, anuladas; enfim exporemos o pensamento latino, o qual, pelo que diz respeito à filosofia, depende de cultura grega, e precisamente desse terceiro período – ecletismo e estoicismo.

A grandeza verdadeira e original do pensamento latino é o jus, o direito romano, valor universal como a filosofia grega.

 

O Estoicismo

Em seu conjunto, o estoicismo pode-se dividir em três períodos: um período antigo ou ético, um período médio ou eclético, um período recente ou religioso. Os dois últimos, bastante divergentes do estoicismo clássico.

O fundador da antiga escola estóica é Zenão de Citium (334-262 a.C., mais ou menos). Seu pai, mercador, leva para ele, de Atenas, uns tratados socráticos, que lhe despertam o entusiasmo para com os estudos filosóficos. Aos vinte e dois anos vai para Atenas; aí – perdidos seus bens – dedica-se à filosofia, freqüentando por algum tempo várias escolas e mestres, entre os quais o cínico Crates.

Finalmente, pelo ano 300, funda a sua escola, que se chamou estóica, do lugar onde ele costumava ensinar: pórtico em grego, stoá. Iniciou, juntamente com a atividade didática, a de escritor. Em seus escritos já se encontram a clássica divisão estóica da filosofia em lógica, física e ética, a primazia da ética e a união de filosofia e vida.

A escola estóica média ou eclética, surge pela influência de outras escolas e para responder às objeções dessas escolas. Podem-se, pois, agrupar na escola estóica nova ou religiosa os que entendiam absolutamente a filosofia, o estoicismo, não como ciência, metafísica, mas como uma missão e uma prática religiosa, sacerdotal.

 


Referências Bibliográficas:

DURANT, Will. História da Filosofia – A Vida e as Idéias dos Grandes Filósofos, São Paulo, Editora Nacional, 1.ª edição, 1926.

FRANCA S. J.. Padre Leonel, Noções de História da Filosofia.

PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís. História da Filosofia, Edições Melhoramentos, São Paulo, 10.ª edição, 1974.

VERGEZ, André e HUISMAN, Denis. História da Filosofia Ilustrada pelos Textos, Freitas Bastos, Rio de Janeiro, 4.ª edição, 1980.

JAEGER, Werner. Paidéia – A Formação do Homem Grego, Martins Fontes, São Paulo, 3ª edição, 1995.

Coleção Os Pensadores. Sócrates, Abril Cultural, São Paulo, 1.ª edição, vol.I, agosto 1973.

 

© Texto Produzido Por Rosana Madjarof – 1997 – Respeite os Direitos Autorais

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